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Nos Colocando em Nossos Lugares

  • Foto do escritor: Alayê Imirá de Brito
    Alayê Imirá de Brito
  • 30 de mai.
  • 2 min de leitura
Faça a Coisa Certa - 1989
Faça a Coisa Certa - 1989

Já tem algumas horas que tenho refletido e uma memória do início deste ano veio a minha cabeça.


Fui no show de divulgação da última temporada da série Sintonia da Netflix. Tinha um pouco mais de 10 mil pessoas no evento e a proposta era fazer um baile de favela no Memorial da América Latina. As atrações variavam entre MC IG, MC Hariel, Tasha & Traice, Duquesa... Racionais MCs. Além dos shows, tinha um espaço para batalha de rimas e de passinhos.


Evento gratuido para divulgar a série e para fazer com que o público tivesse contato com os seus ídolos.


Confesso que conhecia pouquíssimas músicas dos MCs, mas me garantia porque tinha Racionais. Sou da época da vanguarda do Rap e do Funk, mas isso eu falo em um outro momento.


No show, lembro de olhar para o lado e ver a galera ovacionando todos esses MCs e cantando as músicas com agradecimentos direcionados a Deus, prosperidade e ostentação com tanto sentimento que me senti um alienígena ali.

Entrei nas redes sociais desses MCs para saber um pouco mais deles, do que falam, do que fazem, do que acreditam... Afinal, eles estão comunicando diretamente com a juventude que eu tenho dedicado meus trabalhos ultimamente. Fiquei assustado com os conteúdos cheios de ostentações e com a quantidade de seguidores que eles tinham e fiquei me perguntando: "onde eu estava que não vi isso acontecendo?" - e esse erro é todo meu!


Essa memória me veio a cabeça depois de ver a desumanização que o Poze foi vítima ontem (claro que conhecia as músicas do Poze e confesso que gosto muito dele). Aquele teatro justificado por "envolvimento com tráfico" me deixou mal. Descalço, sem camisa e algemado as 6:30 da manhã de uma quinta-feira... me derrubou. Perdi o apetite na hora!

Me veio na memória uma frase do MC Frank (que já é mais da minha época) quando foi preso por "incitação ao crime" dentro de uma cela com os MCs Smith, Tikão e Max, em que ele fala: "Ivete Sangalo fala da Bahia, e quem nasce na Barra fala de Surf... mas a gente nasceu no Complexo do Alemão. A gente relata o que acontece lá". - É importante frisar que estou falando dessa passagem do Frank, não sobre sua vida.


A visão que é importante passar para quem lê é simples: o racismo é cruel, rapaziada.


E ele aparece sempre quando a gente acha que estamos em momentos confortáveis demais na nossa vida. Não por acaso, mas para lembrar que, independente dos nossos carros, roupas, ouros e conforto que conseguimos proporcionar para os nossos, os racistas vão fazer questão de nos atacar por sermos preto.


E, ser uma pessoa preta com consciência, visão de mundo, diplomado e saudável, é uma arma poderosa contra os racistas - e a Marina Silva também é prova disso com muitas pitadas de sexismo.

 
 
 

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